sábado, 9 de maio de 2009

Um Oceano de Plástico

Durabilidade, estabilidade e resistência a desintegração. As propriedades que fazem do plástico um dos produtos com maiores aplicações e utilidades ao consumidor final, também o tornam um dos maiores vilões ambientais. São produzidos anualmente cerca de 100 milhões de toneladas de plástico e cerca de um décimo deste total vai parar aos oceanos. Destes 80% vêm de terra firme.

Foto do vórtex

No Oceano Pacífico há uma enorme camada flutuante de plástico, que já é considerada a maior concentração de lixo do mundo, com cerca de 1000 km de extensão, vai da costa da Califórnia, atravessa o Havai e chega a meio caminho do Japão. Atinge uma profundidade de mais ou menos 10 metros. Acredita-se que haja neste vórtex de lixo cerca de 100 milhões de toneladas de plásticos de todos os tipos. Pedaços de rede, garrafas, tampas, bolas, bonecas, patos de borracha, ténis, isqueiros, sacolas plásticas, caiaques, malas, enfim, tudo o que alguma vez foi feito com plástico. Segundo quem descobriu esta concentração de plásticos, a mancha de lixo, ou sopa plástica tem quase duas vezes o tamanho dos Estados Unidos.

O oceanógrafo Curtis Ebbesmeyer, que estuda esta mancha há 15 anos, compara este vórtex a uma entidade viva, um grande animal que se movimenta livremente pelo Pacífico. E quando passa perto do continente, as praias ficam inundadas de objectos de plástico, de ponta a ponta.


Tartaruga deformada por um aro de plástico

A bolha plástica actualmente concentra-se em duas grandes áreas ligadas por uma parte estreita. São referenciadas como a bolha oriental e a bolha ocidental. Um marinheiro que navegou pela zona, no final dos anos 90, disse que ficou atordoado com a visão do oceano de lixo plástico a sua frente. “Como foi possível fazermos isso? Naveguei por mais de uma semana sobre todo esse lixo”.Os Cientistas chamaram a atenção para o facto de que todas as peças plásticas manufacturadas, desde que descobrimos este material, e que não foram recicladas, ainda estão em algum lugar. Há ainda o problema das partículas resultanntes da decomposição destes plásticos. Segundo dados de Curtis Ebbesmeyer, em algumas áreas do oceano pacifico podem encontrar-se concentrações de polímeros seis vezes maiores do que o fitoplâncton, base da cadeia alimentar marinha.


Todas a peças plásticas à direita foram tiradas do estômago desta ave

Segundo PNUMA, o programa das Nações Unidas para o meio ambiente, este plástico é responsável pela morte de mais de um milhão de aves marinha todos os anos. Sem contar com toda a outra fauna que vive nestas áreas, como tartarugas marinhas, tubarões e centenas de espécies de peixes.

Ave morta com o estômago cheio de pedaços de plástico.

E para piorar essa sopa plástica pode funcionar como uma esponja, que concentra todo o tipo de poluentes persistentes, ou seja, qualquer animal que se alimentar nestas regiões estará a ingerir altos índices de substâncias venenosas que irão ser introduzidas na cadeia alimentar dessas regiões. Através da pesca vai acabar por chegar ao Homem. Fecha-se assim um ciclo – o que fazemos à Terra vai acabar por retornar à nós, seres humanos. Ver essas coisas sempre servem para que repensemos os nossos valores e principalmente o nosso papel frente ao meio ambiente, ou o ambiente em que vivemos.·Antes de Reciclar, reduza!

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